DISTÚRBIOS DA TIREOIDE (HIPOTIREOIDISMO E HIPERTIREOIDISMO) E EXERCÍCIOS FÍSICOS
- vladsa15
- 24 de jan. de 2015
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DISTÚRBIOS DA TIREOIDE (HIPOTIREOIDISMO E HIPERTIREOIDISMO) E EXERCÍCIOS FÍSICOS A tireoide e paratireoide são anatomicamente situado no aspecto frontal do pescoço, mas têm funções diferentes. A tireoide é uma glândula em forma de borboleta, perto da laringe, que ajuda a regular o metabolismo do corpo. A paratireoide é conectada à parte traseira da glândula tireoide e produz hormônio da paratireoide que ajuda a regular o cálcio, fósforo e níveis de vitamina D nos ossos e sangue. A desregulação em qualquer uma destas glândulas pode resultar numa cascata de problemas metabólicos, que podem afetar negativamente o estado de saúde. Das anormalidades da glândula tireoide temos o hipotireoidismo (baixo nível de hormônio da tireoide), que pode resultar em ganho de peso, fadiga e depressão, e o hipertireoidismo (altos níveis de hormônio da tireoide), o que pode causar perda de peso, nervosismo, e um aumento da frequência cardíaca. Hiperparatireoidismo resulta na secreção de altos níveis de hormônio da paratireoide, que podem causar níveis elevados de cálcio e outros sintomas não específicos, tais como fraqueza, fadiga, depressão, ou dores. Há limitação de pesquisas científicas em torno do impacto do exercício físico na função da tireoide e as orientações de exercícios específicos ainda não foram bem estabelecidas. Estudos em atletas do sexo masculino bem treinados têm mostrado que o exercício de alta intensidade pode aumentar (Ciloglu et al 2005) ou diminuir (Hackney & Dobridge 2009) níveis de hormônios tireoidianos. Embora esses relatórios ofereçam resultados conflitantes, é importante lembrar que estes resultados não podem ser generalizados para os indivíduos com disfunção da tireoide diagnosticados que podem sofrer de outras comorbidades, o que também pode influenciar os níveis hormonais. Há também evidência limitada em torno do impacto do exercício na função da paratireoide. Dois estudos anteriores mostraram que uma única sessão de exercício aeróbio em mulheres aparentemente saudáveis (Thorsen et al 1997) e exercícios de resistência moderada em longo prazo em homens (Ljunghall et al, 1986) resultaram em aumento dos níveis de hormônio da paratireoide até 72 horas após o exercício. Hiperparatireoidismo resulta em aumento dos níveis circulantes de hormônio da paratireoide e o exercício pode induzir um efeito aditivo sobre este hormônio que pode elevar ainda mais os níveis de cálcio e impacto sobre o metabolismo ósseo. Episódios de taquicardia (frequência cardíaca anormalmente elevada) também têm sido observados em hiperparatireoidismo (Chang et al, 2000), de forma tão clara que essa condição deve ser medicamente controlada antes de praticar exercícios estruturados. PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO PARA QUEM TEM DISFUNÇÕES DA TIROIDE E PARATIREOIDE Mais pesquisas são necessárias para elucidar completamente o impacto do exercício em indivíduos com disfunção da tireoide e paratireoide. Como regra geral, você deve primeiro assegurar que a sua condição é bem gerida e sob os cuidados de um médico qualificado (ou seja, endocrinologista) antes de participar de exercícios físicos ou treinamento. Considere as seguintes diretrizes de exercícios estabelecidos pelo Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM 2010) PRESCRIÇÃO PARA EXERCÍCIO AERÓBIO: Frequência: ≥ 5 dias por semana para maximizar o gasto de energia (se obesos) e / ou melhorar a aptidão cardiorrespiratória, onde o controle de peso não é uma preocupação primordial. Intensidade: 40 a 75% de frequência cardíaca de reserva. Progresso para intensidades mais elevadas, conforme tolerado, não obstante qualquer precaução aconselhada pelo seu médico. Tempo (Duração): 30 a 60 minutos por dia. Se você é incapaz de tolerar, atividades contínuas longas considere episódios intermitentes de 10 minutos de duração acumulada ao longo do dia. Tipo: Selecione exercícios aeróbicos, que se dedicam a grande musculatura do corpo. PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO PARA TREINAMENTO RESISTIDO (COM SOBRECARGA) As orientações para os treinamentos resistidos em pessoas com disfunção da tiroide e paratireoide podem ser semelhantes aos da população aparentemente saudável. No entanto, ajustes no programa podem ser necessários considerando outros problemas de saúde específicos e / ou limitações físicas: Frequência: O treinamento de resistência para cada grupo muscular principal 2 a 3 dias por semana, com pelo menos 48 horas que separam as sessões de treinamento para o mesmo grupo muscular. Intensidade (séries e repetições): Treine cada grupo muscular para um total de 2-4 sets com uma faixa de 8 a 12 repetições por set com um intervalo de descanso de 2 a 3 minutos. CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS O exercício pode desempenhar um papel terapêutico adjunto no tratamento de doença da tiroide e paratireoide, embora a medicação e / ou a intervenção cirúrgica pode ser a primeira linha de tratamento preferido no hipo / hipertiroidismo e hiperparatiroidismo, respectivamente. Uma série de considerações pode ter impacto sobre a sua capacidade de exercício com essas condições. DISFUNÇÃO DA TIROIDE BAIXOS NÍVEIS DE ENERGIA: iodo radioativo ou medicamentos anti-tireoide, tais como metimazol ou propiltiouracil são tratamentos comuns para hipertireoidismo e pode deixar você sentir letárgico. No caso do hipotireoidismo, mesmo medicado, você também pode experimentar fadiga precoce. Preste atenção para mudanças em seus níveis de energia, pois isso pode justificar uma redução da carga de trabalho. RESPOSTA DA FREQUÊNCIA CARDÍACA: Hipertireoidismo pode ser tratado com medicamentos betabloqueadores, o que pode bloquear a resposta da frequência cardíaca. Portanto, a frequência cardíaca pode não ser um indicador preciso da intensidade do exercício e a percepção subjetiva de esforço pode ser uma alternativa importante. OBESIDADE E GANHO DE PESO: O tratamento para o hipertireoidismo pode plausivelmente levar a uma redução no gasto de energia e ganho de peso. Pode ser necessário fazer modificações na frequência de exercício, intensidade, duração ou modalidade para acomodar o seu nível de "descondicionamento" ou maior estrutura corporal (se obesos). CONSIDERAÇÕES CARDÍACAS: Levotiroxina é comumente prescrita para o hipotireoidismo e pode causar taquicardia, palpitações, arritmias e aumento da pressão arterial. O exercício faz um esperado aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial e a medicação pode exacerbar a resposta. Você deve monitorar ambos os parâmetros antes, durante e após o exercício e relatar todos os eventos adversos com o especialista competente. OUTRAS CONDIÇÕES DE SAÚDE: Disfunção da tireoide pode apresentar no cenário de outras comorbidades, como diabetes, hipertensão, ou lipídios sanguíneos alterados. Você pode precisar monitorar os parâmetros adicionais (ou seja, de açúcar no sangue, pressão arterial, ou efeitos colaterais aos medicamentos de dislipidemia). DISFUNÇÃO DA PARATIREOIDE DORES ÓSSEAS E ARTICULARES: Hiperparatireoidismo pode promover a perda óssea devido a seus efeitos sobre o estado de cálcio. Uma vez que o tratamento foi iniciado para esta condição, o exercício resistido com sobrecarga pode estimular o crescimento ósseo e a força. Importante monitorar os sinais e sintomas de desconforto nos ossos ou articulações. FRAQUEZA E EQUILÍBRIO COMPROMETIDO: Preste atenção para a possibilidade de equilíbrio comprometido se você já experimentou perda óssea significativa e fadiga. OS NÍVEIS DE CÁLCIO: Hiperparatireoidismo afeta o cálcio nos ossos. Embora o tratamento cirúrgico da glândula paratireoide sugira melhora desta condição, em alguns casos, pode resultar em níveis baixos de cálcio de forma crônica. É aconselhável trabalhar em parceria com o seu médico em monitorar níveis de cálcio e de vitamina D e na medida em que estes níveis podem ter impacto sobre a sua capacidade de exercício. Referencias: Vanders Human Physiology, 11th edition. 2008. Chapter 11: Endocrine System. McGraw Hill: New York. National Endocrine and Metabolic Diseases Information Service US National Library of Medicine – Hyperparathyroidism Ciloglu, F, Peker, I, Pehlivan, A, Karacabey, K, Ilhan, N, Saygin, O, Ozmerdivenli, R. (2005). Exercise intensity and its effects on thyroid hormones. Neuroendocrinol Letters. 26:830–834 Hackney, AC, Dobridge, JD. (2009). Thyroid hormones and the interrelationship of cortisol and prolactin: influence of prolonged, exhaustive exercise Endokrynol Pol; 60 (4): 252–257 Thorsen, K, Kristoffersson, A, Hultdin J, and Lorentzon, R. (1997) Effects of moderate endurance exercise on calcium, parathyroid hormone, and markers of bone metabolism in young women. Calcif Tissue Int. 60: 16-20. Ljunghall, S, Joborn, H, Roxin, LE, Rastad, J, Wide, L, Åkerstrom, G. (1986) Prolonged Low-Intensity Exercise Raises the Serum Parathyroid Hormone Levels. Clinical Endocrinology. 25: 535–542. Chang CJ, Chen SA, Tai CT, Yu WC, Chen YJ, Tsai CF, Hsieh MH, Ding YA, Chang MS.(2000). Ventricular tachycardia in a patient with primary hyperparathyroidism. Pacing Clin Electrophysiol. 2000 Apr;23(4 Pt 1):534-7. American College of Sports Medicine, Ed. (2010). ACSM’s Guidelines for Exercise Testing and Prescription, 8th Edition, Lippincott Williams and Wilkins. P.S.: As diretrizes para prescrição de exercícios anteriormente citadas pelo American College of Sport Medicine são recomendações generalizadas. Pessoas bem condicionadas podem fazer programas compatíveis a tais capacidades, ou seja, professores podem prescrever exercícios com intensidades mais altas que as citadas anteriormente. Para atletas com disfunção da tireoide, o ideal é que o mesmo consulte um médico para elaborar um tratamento adequado. Paralelamente, preferencialmente de forma integrada, um fisiologista do exercício seja consultado. Na falta desse profissional, caberá ao técnico, preparador físico, ou personal trainer, realizar no mínimo a bateria de avaliações antropométricas, metabólicas e neuromusculares para elaborar a periodização de treino respeitando-se as características individuais do atleta, assim, minimiza-se os riscos de desequilíbrios orgânicos, maximizando a performance. Independente do status, atletas, ativos ou sedentários que apresentem disfunções da tireoide devem ter cuidados nutricionais, devendo consultar o especialista. Agende uma consulta para melhorar o seu padrão de vida. VLADMIR SANTOS (Personal Trainer, Fisiologista do Exercício) Email: personalemsorocaba@gmail.com.br Pós-graduações: USP (Treinamento Esportivo), UNIFESP-Escola Paulista de Medicina (Fisiologia do Exercício), Créditos do Mestrado obtidos pela Cardiologia UNIFESP, Experiência profissional University of California Santa Barbara, University of Wisconsin Whitewater, University of Northern Colorado. Leia diversos assuntos interessantes na página do meu grupo no facebook: https://www.facebook.com/pages/Personal-Trainer-e-Fisiologista-do-Exercício-em-Sorocaba-Vladmir-Santos/466588213476886?ref=hl
